Explorar metodologias eficazes para promover diversidade, inclusão e equidade nas empresas é essencial para construir culturas organizacionais mais progressistas e acolhedoras. Neste texto, discutimos o poder das narrativas pessoais como uma ferramenta metodológica importante e muito valorizada na Mosaice.
Ao compartilhar histórias de vida autênticas, conseguimos criar conexões emocionais, sensibilizar as pessoas para questões importantes e promover mudanças positivas. É por isso que a abordagem de sensibilização através de histórias pode transformar a dinâmica corporativa, impulsionando a diversidade e a inclusão.
Construindo pontes para a diversidade: Experiências e reflexões de um educador
Sou Matheus Felipe Santos, um professor com mais de 15 anos de experiência na área da educação. Ao longo da minha carreira, tenho trabalhado incansavelmente para promover um ambiente inclusivo e sensível às diversas realidades que compõem nossa sociedade.
Com formação em Letras pela UFMG e mestrado em Educação, mergulhei em projetos que visam construir conhecimento sobre Direitos Humanos, buscando sempre promover uma visão mais ampla e acolhedora em sala de aula.
Como homem gay, casado com Fernando, e pais da Valentina, compartilhamos nossa jornada de parentalidade em nosso perfil no Instagram, 2 pais de família. Com mais de 20 mil seguidores, buscamos desafiar as normas sociais e promover uma compreensão mais inclusiva das diversas formas de família.
Devido à minha experiência como educador, estou constantemente em contato com pessoas diversas, o que me proporcionou aprendizados valiosos sobre a importância de abordar as questões de diversidade, inclusão e equidade com sensibilidade e empatia. Ao longo dos anos, tenho percebido como histórias pessoais e experiências compartilhadas podem ser poderosas ferramentas para promover mudanças positivas. É este conhecimento metodológico valioso que agora trago para o ambiente corporativo.
Ao unir minha trajetória pessoal com o propósito da Mosaice, estou motivado a contribuir para a mudança de cultura de empresas abertas e comprometidas com D, I e E. Acredito firmemente que, ao compartilhar nossas histórias e experiências, podemos criar um ambiente de trabalho mais acolhedor, onde todos sintam que pertencem e valorizados.
O que podemos aprender com autoras decoloniais na promoção da diversidade corporativa?
Em minha proposta metodológica, me somo a autoras feministas decoloniais como Gloria Anzaldúa, bell hooks e Audre Lorde, que utilizam suas próprias experiências pessoais como base para desafiar narrativas dominantes e promover uma compreensão mais inclusiva das questões sociais.
Minha escolha é compartilhar minha jornada pessoal reconhecendo o poder das histórias pessoais para conectar as pessoas em um nível emocional e promover uma cultura mais inclusiva e diversa nas empresas. Assim como as autoras, acredito que ao compartilhar nossas histórias e experiências, podemos criar um ambiente de trabalho mais acolhedor e empático, onde todos se sintam valorizados e respeitados.
A importância das histórias de vida na construção de culturas inclusivas nas empresas
Nas palestras e workshops que desenvolvo, me coloco enquanto homem gay, casado, pai de uma menina que chegou até nossa vida pela adoção. Falo sobre minhas alegrias, dores e desafios de conciliar carreira, paternidade, orientação sexual e vida pessoal.
Não faço questão de preservar uma imagem séria e distante. Assim, me apresento como indivíduo que, para além de deter dados, estudos e informações sobre diversidade e inclusão, se mostra como um sujeito, como alguém que está vivendo desafios similares aos daqueles que afetam os meus interlocutores.
Usar narrativas que inspiram e provocam emoções nos ouvintes é uma ferramenta metodológica que se contrapõe a muitas outras, focadas em organizar e expor dados brutos. De um lado, estão histórias com a capacidade de conectar as pessoas em um nível emocional, tornando-as mais receptivas a novas ideias e perspectivas. Do outro, encontramos palestras que, resumidas à exposição de pesquisas e dados, têm menores chances de sensibilizar os ouvintes.
As histórias de vida têm o poder de envolver, inspirar e motivar as pessoas de uma maneira única, permitindo a promoção de mudanças profundas e duradouras. Narrar histórias de forma intencional pode ser uma valiosa ferramenta para que as organizações enfrentem o desafio de construir uma cultura mais inclusiva e diversa, mantendo-se relevantes e competitivas.
Fomentando emoções positivas: Empatia, respeito e engajamento
Ao compartilhar histórias de vida em palestras, podemos criar um ambiente de empatia e compreensão, permitindo que a mensagem desperte uma gama variada de emoções. Segundo Gross (2014), as emoções são respostas complexas a estímulos internos ou externos que envolvem componentes cognitivos, fisiológicos e comportamentais.
No contexto organizacional, as emoções desempenham um papel significativo na forma como os funcionários percebem as mudanças e como respondem a elas. Pesquisas recentes destacam a influência das emoções na formação de hábitos e na cultura organizacional.
Por exemplo, Heath e Heath (2010) argumentam que as emoções desempenham um papel crucial na criação de “momentos decisivos” que podem levar à adoção de novos comportamentos. Quando os funcionários experimentam emoções positivas, como esperança e entusiasmo, estão mais inclinados a abraçar mudanças e a se comprometer com novos hábitos.
Narrar sobre si, abrir-se para o outro, falar sobre suas emoções, expectativas, frustrações e esperanças tem, portanto, o poder de construir conexões valiosas para alcançar o outro, permitindo que ele avalie suas crenças e se sinta encorajado a reconstruir conhecimentos.
Um convite à abertura metodológica
Naturalmente, é preciso respeitar limites para proteger aspectos demasiado pessoais para serem compartilhados. Para isso, é essencial que haja um preparo cuidadoso das anedotas, a fim de evitar improvisos ou exposições desnecessárias.
Pense sobre as últimas palestras e workshops das quais você participou. Como as histórias de vida poderiam ter contribuído para a formação dos conhecimentos que foram explorados? Você já participou de intervenções em que histórias de vida foram usadas?
Te convido a acompanhar meus conteúdos no site da Mosaice, onde publicarei mais artigos sobre metodologias de sensibilização e educação para a diversidade, direitos LGTBQIAP+, parentalidades, dentre outros assuntos.
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