A inclusão de LGBTs nas empresas e no ambiente de trabalho é urgente do ponto de vista social e potente da perspectiva da produtividade e da inovação. Neste artigo, abordaremos alguns desafios enfrentados pela população LGBT, vantagens da adoção de ações de promoção de direitos nas empresas e como o comprometimento com diversidade, inclusão e equidade servirá como investimento e alavanca para os negócios.
Desafios enfrentados pela população LGBT no trabalho
O principal desafio enfrentado pela população LGBT para acessar o mercado de trabalho é a
superação dos preconceitos. Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Travestis, Intersexuais e toda a diversidade presente no leque que compõe o gênero e a sexualidade sofrem com a violência no Brasil. Essa violência é motivada principalmente pela não aceitação de suas existências no mundo fora dos padrões sociais de gênero e sexualidade predominantes.
Alguns exemplos dão dimensão do problema e deixam evidentes alguns dos principais desafios enfrentados pelos LGBTs e que dificultam seu ingresso no mercado de trabalho em nosso país:
- Segundo o Relatório Mundial da Transgender Europe, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países entre 2016 e 2017, 52% ocorreram no Brasil;
- A pesquisa Mapeamento de Pessoas Trans na cidade de São Paulo, realizada em 2021, indicou que 46% das travestis e 34% das mulheres trans entrevistadas acabavam se vendo obrigadas a atuar como profissionais do sexo;
- De acordo com LGBT Trans Report, de 2018, pesquisa realizada no Reino Unido:
- Um a cada oito empregados trans (12%) foram atacados fisicamente por colegas ou clientes no ano de 2017;
- Mais de um terço dos estudantes trans nas universidades (36%) já haviam sido alvo de comentários ou atitudes negativas por parte de funcionários dessas Instituições de Ensino Superior;
- Duas de cada cinco pessoas trans (40%) alteram a sua forma de vestir por medo de discriminação e assédio. No caso de pessoas não-binárias, esse número chega a 52%.
- Pesquisa divulgada pela CNN indica que:
- 54% dos entrevistados não se sentem seguros para falar sobre sua orientação sexual no trabalho;
- 74% sentem falta de um ambiente de trabalho mais inclusivo;
- 54% sentem falta de referências profissionais LGBTs em quem se espelhar.
- Já a pesquisa realizada pelo Center For Talent Innovation, indicou que:
Sendo assim, fica evidente que as pessoas LGBTs, ao não terem suas identidades reconhecidas, passam a ser alvo de assédio, discriminação e agressão nas ruas, nas instituições de ensino e nos ambientes de trabalho. Com isso, ficam em situação desfavorável para a ocupação de vagas nas empresas.
Apesar disso, pesquisa realizada com as 500 maiores empresas do Brasil indica que apenas 19% delas desenvolvem algum tipo de política para a promoção de oportunidades para pessoas LGBTs. Ao mesmo tempo, apenas 8,5% se preocupam em garantir oportunidades no processo de seleção.
Estudo realizado pela Marquette University, a pedido da Wisconsin LGBT Chamber of Commerce mostrou que grandes empresas com LGBTs em cargos de alto escalão apresentam resultados favoráveis em comparação com aquelas sem diversidade – principalmente nas áreas de responsabilidade social e corporativa (ESG), práticas de RH e qualidade da força de trabalho.
Segundo estudo publicado na Harvard Business Review, equipes com líderes inclusivos têm
- 17% mais chances de indicarem que vêm apresentando alta performance no trabalho;
- 20% mais chances de indicarem que têm tomado decisões de alta qualidade; e
- 29% mais chances de indicarem comportamento colaborativo na execução do trabalho.
Fato é que, no mundo atual, não investir na promoção de ações de inclusão da população LGBT nas empresas é um erro estratégico.
Vantagens de inclusão de LGBTs nas empresas
9% da população brasileira é LGBT. São cerca de 18 milhões de pessoas que movimentam 150 bilhões de reais por ano no Brasil. Além disso, 1 em cada 5 pessoas da geração Z se identifica como membro da comunidade LGBT, o dobro das gerações anteriores – o que pode estar atrelado à maior aceitação da sociedade atual e evidencia uma perspectiva de futuro que não pode ser ignorada.
Ao mesmo tempo, a LGBTfobia custa cerca de U$ 405 bilhões de dólares anuais para a economia brasileira, levando-se em consideração a perda de produtividade, o turnover e os prejuízos com processos judiciais por discriminação.
Contratar pessoas LGBT, por outro lado, conduz à constituição de empresas mais diversas, que são comprovadamente mais propensas a superar a performance de suas concorrências, obtêm melhores resultados financeiros, apresentam mais inovação, maior retenção de talentos e satisfação dos colaboradores.
A verdade é que os consumidores atuais buscam serviços e empresas alinhados com os valores nos quais acreditam, sendo a inclusão da população LGBT uma questão central hoje.
A responsabilidade das empresas com a causa LGBT e possíveis ações a serem adotadas
A situação geral de exclusão e violência da população LGBT no Brasil traz para as empresas a responsabilidade de implementar ações proativas para a promoção de oportunidades para esse grupo. Além disso, as empresas devem criar fluxos e diretrizes para garantir o respeito e impedir a discriminação contra pessoas LGBT.
Nunca é tarde para lembrar que a homofobia é crime no Brasil e as empresas podem ser responsabilizadas em casos nos quais sejam omissas, podendo responder por danos morais, por exemplo.
Conheça algumas ações de promoção da inclusão LGBT nas empresas:
- Realizar pesquisas internas que ajudem a compreender o perfil dos colaboradores, seu sentimento geral sobre inclusão LGBT, suas sugestões de aprimoramento dos fluxos e das relações;
- Incorporar a inclusão LGBT na missão e nos valores da empresa, assim como na linguagem;