A promoção da equidade de gênero nas empresas e organizações é um compromisso coletivo que exige a participação ativa de todas as pessoas, incluindo os homens. Embora a discussão sobre diversidade e inclusão muitas vezes se concentre nos desafios enfrentados por mulheres e grupos sub-representados, é fundamental reconhecer o papel estratégico que os homens desempenham nesse processo.
A equidade de gênero não deve ser vista apenas como uma pauta feminina, devendo ser abraçada por todos, por uma questão de justiça social, e compreendida como um requisito para maior competitividade empresarial. Várias pesquisas já comprovaram que empresas que fomentam ambientes equitativos e inclusivos são mais inovadoras, produtivas e rentáveis.
Diante do fato de que os homens ainda ocupam majoritariamente os espaços de poder, para que essas mudanças sejam eficazes, eles precisam atuar como aliados na promoção da equidade de gênero dentro das organizações.
Neste artigo, discutiremos a importância da participação masculina na equidade de gênero, os desafios dessa participação e estratégias para que os homens possam se tornar agentes ativos na construção de um ambiente corporativo mais justo e igualitário.

Por que a equidade de gênero é responsabilidade de todos?
A equidade de gênero nas empresas vai além de corrigir desigualdades históricas. Ela é um fator essencial para o sucesso organizacional. Diversos estudos demonstram que empresas com maior diversidade de gênero em cargos de liderança apresentam melhores resultados financeiros e uma cultura organizacional mais saudável.
Segundo a pesquisa da McKinsey & Company, organizações com maior representatividade feminina na liderança têm 25% mais chances de superar financeiramente seus concorrentes. Além disso, um relatório do Fórum Econômico Mundial aponta que ambientes de trabalho equitativos são mais produtivos e proporcionam maior engajamento e retenção de talentos.
Dados da pesquisa “Women in the Workplace 2020”, realizada pela McKinsey, indicam que empresas com maior diversidade de gênero têm uma vantagem financeira de 36% sobre seus concorrentes menos diversos. Além disso, um estudo da Organização Internacional do Trabalho demonstrou que organizações com mulheres na alta gerência são significativamente mais lucrativas e sustentáveis.
Estudos também indicam que empresas com mais mulheres em cargos de liderança apresentam um aumento de até 15% na lucratividade e 21% na inovação (Fonte: McKinsey & Company). Apesar de tudo isso, segundo dados do IBGE, mulheres ainda recebem, em média, 22% menos que os homens para funções equivalentes, evidenciando a necessidade de mudanças estruturais.
Os homens, que ainda ocupam a maioria dos cargos de decisão e poder nas organizações, têm a responsabilidade e a capacidade de acelerar esse processo. Ao reconhecerem os privilégios estruturais e atuarem para mudar a cultura organizacional, eles desempenham um papel essencial na construção de ambientes mais justos.
Desafios na participação dos homens na equidade de gênero
Embora muitos homens apoiem a equidade de gênero, nem sempre sabem como agir ou temem ser vistos como invasores em um espaço que, tradicionalmente, tem sido ocupado por mulheres. Algumas barreiras que dificultam o envolvimento masculino incluem:
- Falta de conscientização sobre desigualdades estruturais: Muitos homens não percebem como as estruturas corporativas favorecem um grupo específico e criam desafios adicionais para mulheres e outros grupos minorizados. Essa falta de percepção pode levar à crença equivocada de que o ambiente de trabalho já é neutro e meritocrático.
- Receio de cometer erros: O medo de falar ou agir de maneira inadequada pode levar à inação. Muitos homens temem ser criticados ou interpretados erroneamente ao abordar questões de equidade de gênero, o que pode resultar em hesitação para se envolver ativamente.
- Percepção equivocada sobre meritocracia: Alguns acreditam que iniciativas de equidade de gênero representam favorecimento injusto, quando, na realidade, visam corrigir desigualdades sistêmicas. Esse pensamento perpetua a ideia de que todas as pessoas têm as mesmas oportunidades de sucesso, ignorando barreiras estruturais e vieses inconscientes.
- Falta de representatividade masculina no discurso sobre DEI: Homens, principalmente heterossexuais, muitas vezes não se sentem parte das discussões sobre diversidade e inclusão, pois esses debates são majoritariamente conduzidos por mulheres ou pessoas LGBT. Isso pode gerar a percepção de que se trata de um tema exclusivo das mulheres, afastando-os do engajamento ativo.
- Pressões sociais e culturais: Em algumas culturas organizacionais, a masculinidade tradicional é associada a comportamentos competitivos e agressivos, o que seria muito valorizado, criando resistência à adoção de posturas mais inclusivas e colaborativas.
- Dificuldade em reconhecer privilégios: O reconhecimento de privilégios pode ser desconfortável para muitos homens, pois envolve admitir que o sistema em que cresceram e atuam favorece determinados grupos em detrimento de outros. Esse processo de conscientização pode levar tempo e exigir abertura para ouvir e aprender.
- Ambientes corporativos resistentes a mudanças: Algumas empresas ainda operam sob estruturas altamente hierárquicas e rígidas, onde mudanças culturais são difíceis de implementar. Homens que desejam promover a equidade de gênero podem encontrar resistência por parte da alta gestão ou de colegas que não veem a necessidade de transformação.
Superar esses desafios exige uma mudança de mentalidade e um compromisso genuíno com a transformação da cultura organizacional. A equidade de gênero só será alcançada quando homens compreenderem que não se trata de perder espaço, mas sim de construir um ambiente de trabalho mais justo e eficiente para todos.
Como os homens podem atuar como aliados na equidade de gênero?
Para que os homens sejam agentes ativos na promoção da equidade de gênero nas empresas, é necessário adotar algumas estratégias e posturas que facilitem essa transformação.
1. Reconhecer os privilégios e ampliar a conscientização
O primeiro passo para atuar na equidade de gênero é reconhecer que o ambiente corporativo, historicamente, favorece os homens. Isso não significa que todos os homens tenham vantagens individuais em suas carreiras, mas sim que as estruturas organizacionais tendem a beneficiar um grupo em detrimento de outros.
A busca por conhecimento é essencial. Participar de treinamentos, ler sobre vieses inconscientes e dialogar com colegas sobre desafios enfrentados por mulheres no ambiente de trabalho são atitudes fundamentais para compreender melhor o cenário e identificar formas de mudança.
2. Usar a posição de poder para abrir espaços
Homens que ocupam cargos de liderança podem utilizar sua posição para criar oportunidades para mulheres em suas equipes. Isso inclui:
- Incentivar e indicar mulheres para promoções e oportunidades de liderança.
- Garantir que políticas internas, como auxílio creche, flexibilidade no trabalho e licença parental, sejam aplicadas de maneira equitativa.
- Criar um ambiente seguro para que mulheres possam se expressar sem interrupções ou menosprezo.
- Incluir ativamente mulheres em projetos estratégicos e reuniões decisivas.
3. Apoiar e amplificar vozes femininas
Muitas mulheres enfrentam dificuldades para serem ouvidas e reconhecidas em reuniões e discussões corporativas. Homens podem contribuir amplificando ideias apresentadas por mulheres (sem incorrer em mansplaining), reconhecendo suas contribuições e incentivando que elas ocupem mais espaços de fala. Além disso, é essencial que os homens não tomem crédito por ideias originalmente apresentadas por mulheres, algo que acontece frequentemente no ambiente corporativo.
4. Desafiar comportamentos e vieses inconscientes
A cultura organizacional só muda quando há um esforço coletivo para desafiar práticas discriminatórias e vieses inconscientes. Homens podem ser aliados questionando práticas injustas, como a distribuição desigual de tarefas ou o uso de linguagem sexista no ambiente corporativo. Além disso, é essencial que líderes se posicionem contra assédio moral e sexual, garantindo que medidas sejam tomadas quando necessário. Criar políticas internas que assegurem processos justos de contratação e promoção é um passo fundamental para a equidade.
5. Participar de redes e programas de mentoria
Criar ou participar de programas de mentoria voltados para o desenvolvimento profissional de mulheres é uma forma concreta de apoiar a equidade de gênero. Além disso, redes de apoio que incentivam a participação de homens nas discussões sobre diversidade podem ser ferramentas valiosas para criar conscientização e incentivar mudanças reais. Estudos mostram que mulheres que têm mentores homens têm 24% mais chances de avançar na carreira do que aquelas sem esse suporte.
A equidade de gênero deve ser um compromisso coletivo
O avanço da equidade de gênero nas empresas depende de um esforço coletivo e, dentro desse processo, os homens têm um papel fundamental. Ao reconhecer privilégios, desafiar vieses inconscientes e atuar como aliados, eles ajudam a criar ambientes corporativos mais justos e equilibrados.
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Fonte: McKinsey & Company – “Women in the Workplace 2020”; International Labour Organization (ILO) – Perspectivas sobre Equidade de Gênero; IBGE – Pesquisa sobre desigualdade salarial de gênero.