As vantagens da promoção da equidade de gênero nas empresas e organizações

A promoção da equidade de gênero através da valorização de lideranças mulheres e da equidade salarial aliadas à criação de outras políticas para contratação e retenção de talentos é garantia de inovação e sucesso financeiro para muitas organizações!

Neste post convido à reflexão sobre os desafios e as vantagens de se promover a equidade de gênero nas empresas.

Equidade de gênero vale a pena

De acordo com o mais recente relatório da McKinsey, “A diversidade importa cada vez mais” (2023), empresas que implementam políticas para garantir a representatividade de mulheres superior a 30% são mais propensas a superarem financeiramente aquelas onde a representatividade é 30% ou menos.

O relatório também conclui que empresas com mulheres em cargos de liderança têm sucesso financeiro em 10% aquelas que não incluem as mulheres em cargos decisórios, como Conselhos Administrativos.

A conclusão de diversas pesquisas realizadas em organizações no Brasil e no exterior é evidente: empresas que são mais diversas e inclusivas prosperam mais que aquelas que não se importam com diversidade.

Promoção da Equidade de Gênero

Fato é que aumentar a diversidade nos cargos de alto nível promove a inovação e com ela a melhora financeira das empresas. Segundo o estudo “Perspectivas de gênero e inclusão nas empresas: Impactos financeiros e não financeiros” (2023), produzido pela Organização das Nações Unidas em parceria com a Organização Internacional do Trabalho, empresas que investem em diversidade de gênero têm melhores resultados financeiros (tangíveis) e não financeiros (intangíveis), como melhora na reputação, na redução de turnover, na retenção de profissionais talentosos, na inovação e na alta performance.

E a diversidade de gênero nas organizações também traz benefícios para comunidades, famílias e países, gerando, especialmente, estabilidade financeira para as mulheres e promovendo o equilíbrio na divisão sexual do trabalho doméstico.

Mulheres em cargo de liderança

Sobre as mulheres em cargos de liderança, empresas com lideranças mais diversas conseguem mais renda com inovação, e que empresas se beneficiam com lideranças de mulheres, pessoas de outras regiões e pessoas que têm diferentes experiências.

Promover a equidade de gênero no ambiente de trabalho vai além de um compromisso ético; é uma estratégia essencial para construir organizações mais inovadoras, produtivas e resilientes. Organizações que promovem a equidade de gênero colhem benefícios reais:

  • Inovação e produtividade: Empresas com maior diversidade de gênero têm mais chances de superar a concorrência em desempenho financeiro.
  • Inclusão e satisfação: Equipes com representatividade de gênero mais equilibrada reportam maior colaboração e engajamento.
  • Retenção de talentos: Ambientes inclusivos têm taxas mais altas de retenção, reduzindo os custos com rotatividade.
  • Satisfação dos colaboradores: Colaboradores que percebem o esforço de sua empresa para alcançar a igualdade de gênero tendem a relatar maior satisfação no trabalho.

Os resultados sobre diversidade apresentados nos relatórios demonstram que a promoção da equidade de gênero é um motor de transformação para organizações que desejam prosperar em um mercado competitivo.

Desafios enfrentados por mulheres no ambiente de trabalho

Acontece que, contrariando as tendências, muitas empresas ainda não criaram programas de contratação de mulheres de equidade salarial e de promoção, quando o assunto é gênero.

Numa série de relatórios anuais, o Banco Mundial afirma que em 190 países não existe equidade de gênero para as mulheres no mercado de trabalho. Quando se trata de proteção e benefícios, as mulheres se beneficiam de 64% do que os homens aproveitam. O estudo também afirma que, mesmo que alguns países tenham políticas públicas ou leis que protegem as mulheres ou garantam algum tipo de igualdade com homens no ambiente de trabalho, ainda existem muitos buracos a serem preenchidos.

No Brasil, embora as mulheres representem um pouco mais 50% do mercado de trabalho, alguns fatores são obstáculos para a ascensão feminina no mundo corporativo: as poucas mulheres em cargos de decisão, a desigualdade salarial, a violência cotidiana e as microagressões no ambiente de trabalho. 

Segundo o IBGE, as mulheres ocupam apenas 39% das posições de decisão, entre função pública ou no mundo corporativo. Ainda, mesmo com os avanços nas últimas décadas, as mulheres ainda ganham em média 21% menos do que os homens que ocupam as mesmas funções. As mulheres negras ganham 54% menos. 

O relatório anual da Organização Não Governamental – ONG, Lean In, Women in the Workplace”, tanto de 2023 quanto de 2024, apontam que apenas 28% do cargos de alta liderança (C-suite) são ocupados por mulheres em altos cargos de liderança globalmente; número que ainda menor para as mulheres latinas e negras. As mulheres também são as mais afetadas pela violência e microagressões. Qualquer ato de violência, desrespeito verbal com interrupções de fala ou mesmo comentários sobre seu estado emocional, tem impacto enorme nas mulheres, especialmente aquelas já marginalizadas, como lésbicas ou mulheres não-brancas.

Os relatórios e estudos, de órgãos estatais, consultorias e ONGs nacionais e internacionais demonstram que nos últimos anos houve melhora em diversos aspectos quanto à diversidade de gênero, seja na sociedade de forma geral ou nas empresas. No entanto, mulheres e pessoas de outras identidades de gênero ainda enfrentam uma série de obstáculos no mercado corporativo, como:

  • Desigualdade salarial: é persistente disparidade de remuneração entre homens e mulheres. 
  • Assédio, violência e discriminação: A Organização Mundial do Trabalho aponta que 32% das mulheres enfrentam algum tipo de assédio no ambiente de trabalho.
  • Falta de representação: A baixa presença de mulheres em cargos de liderança perpetua estereótipos de gênero.
  • Dificuldades de conciliação: Mulheres ainda carregam a maior parte das responsabilidades domésticas, o que afeta sua ascensão profissional.

Essas dificuldades criam ambientes desiguais que limitam o potencial de talentos diversos. Esses dados refletem desafios estruturais que vão desde barreiras culturais até a falta de políticas de inclusão. É preciso avançar e promover ações de Diversidade e Inclusão voltada para as mulheres.

Equidade salarial

Apesar dos avanços, alguns pontos do trabalho das mulheres no ambiente de trabalho ainda são um enorme desafio, como a igualdade de salário, que só em 2023 foi tratada com a Lei 14.611. A Lei dispõe sobre a igualdade salarial e os critérios remuneratórios entre mulheres e homens para a realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função e altera a Consolidação das Leis do Trabalho para impor multas trabalhistas e administrativas ao empregador que discriminar, sem prejuízo de ações indenizatórias.

A Lei 14.611, além de criar relatórios de transparência salarial e criação de critérios remuneratórios,, propõe as seguintes medidas para a equiparação salarial entre mulheres e homens:

  • incremento da fiscalização contra a discriminação salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens;
  • disponibilização de canais específicos para denúncias de discriminação salarial;
  • promoção e implementação de programas de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho que abranjam a capacitação a respeito do tema da equidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho, com aferição de resultados;
  • fomento à capacitação e à formação de mulheres para o ingresso, a permanência e a ascensão no mercado de trabalho em igualdade de condições com os homens.

Em 2024 foi criado o Plano Nacional de Igualdade Salarial e Laboral entre Mulheres e Homens com 79 ações para promoção da equidade salarial, que vão desde a contratação de mulheres até o incentivo à progressão de carreira.

Além de lei, a igualdade de gênero é um Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 5), encabeçado pela ONU e endossado pelos Estados-membros. 

A equidade salarial é não apenas um compromisso ético, é uma obrigação fundamentada em lei!

Por tudo isso, convidamos as organizações a implementar ações significativas que promovam a equidade de gênero e fortaleçam lideranças femininas. Entre em contato e junte-se à Mosaice para transformar o Mês das Mulheres em uma oportunidade real de mudança!

Quer ter essas informações e muitas outras? Baixe nossa cartilha sobre equidade de gênero para saber mais!

Sócia fundadora, consultora e palestrante
Mestra e bacharela em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mariane possui formação complementar em Direito e Políticas Públicas pela Université de Lille, na França, e Humanidades pela Universidad de la República, no Uruguai. Também é bacharela em Letras pela UFMG.