Liderança feminina nas empresas: avanços e desafios

Nos últimos anos vimos um avanço histórico na equidade de gênero dentro das empresas, seja em posições de entrada ou cargos de liderança. Entre 2015 e 2023 os cargos de diretoria ocupados por mulheres passaram de 17% para 28%, segundo o estudo Women in the Workplace de 2023. No entanto, as mulheres ainda enfrentam obstáculos para chegar aos cargos de direção e receber a mesma remuneração que homens no mesmo cargo, dentre outros. A diferença salarial entre homens e mulheres (gender pay gap), por exemplo, ainda é um fator estável no mundo corporativo.  

Com a melhora na equidade de gênero nas lideranças das empresas, mais estudos sobre as formas de gestão feitas por mulheres também avançou. E alguns mitos estão sendo derrubados. Além disso, com mais mulheres ocupando cargos de direção, novas maneiras de gestão, que questionam modelos dominantes de conduta encabeçados por homens, enfrentam os desafios do século XXI, buscando soluções globalizadas, éticas e inclusivas passaram a vigorar nas empresas.

Empresas que buscam evoluir e crescer precisam investir em diversidade, e a liderança das mulheres é o caminho a ser seguido.

Mulheres em cargos de gestão

Houve melhora significativa quanto à equidade de gênero nas empresas nos últimos 10 anos. Entretanto, essa melhora não esconde o gargalo que é o topo das empresas: se em níveis de entrada existe uma aparente paridade entre homens e mulheres, à medida que os níveis vão aumentando, o gargalo se fecha para as mulheres, ou seja, elas ocupam menos cargos de direção. Os homens estão em 72% de direção nas empresas (C-suite), sendo 56% de homens brancos.

De acordo com o artigo “Dilemas e avanços das mulheres na gestão“, de Maria José Tonelli e Adriana Carvalho, da FGV, por serem essencialmente espaços para homens, as empresas refletem o que as posições que a sociedade entende como naturais para os homens, endossando a desigualdade estrutural que vivemos cotidianamente. Essas desigualdades se consubstanciam em salários menores para as mesmas funções, posições de menor status, na ausência de inclusão e diversidade. Com isso, a mobilidade organizacional é muito mais frequente e fácil para os homens. 

Mulheres na liderança: mitos e verdades

As recentes informações sobre pessoas nos cargos de gestão de empresas estão derrubando alguns mitos que sempre rondam o imaginário corporativo. É o que aponta o referido estudo Women in the Workplace.

As mulheres não são ambiciosas

Não! As mulheres são ambiciosas no ambiente de trabalho. Estudos, principalmente nos pós pandemia, mostram que as mulheres são tão ambiciosas quanto os homens, principalmente em funções de liderança. As mulheres não-brancas são ainda mais! E o que determina essa ambição é a flexibilidade do trabalho, a possibilidade de trabalho híbrido ou remoto.

O principal obstáculo das mulheres é o “teto de vidro”(glass ceiling).

Não! Apesar de o “teto de vidro”, que se traduz por serem as barreiras muitas vezes invisíveis que impedem que as mulheres assumam cargos de liderança em senioridade (C-suite), ser um obstáculo na carreira das mulheres, esse não é o seu maior desafio. A pesquisa indica que as promoções em funções de menor nível, como a de gerência, é muito mais difícil. Esse é o “degrau quebrado”, que impede que as mulheres assumam qualquer cargo de gestão. Com isso, o gargalo das liderança estreita muito mais.

Microagressões têm impacto menor na carreira das mulheres.

Mais uma vez não! Qualquer ato de violência, desrespeito verbal com interrupções de fala ou mesmo comentários sobre seu estado emocional, tem impacto enorme nas mulheres, especialmente aquelas já marginalizadas, como lésbicas ou mulheres não-brancas.

São apenas as mulheres que querem, e se beneficiam com, o trabalho flexível.

Não, essa é uma demanda de homens e mulheres. A flexibilidade no trabalho é vista como um dos 3 maiores benefícios que uma empresa pode oferecer. Com o trabalho flexível (híbrido ou remoto), as mulheres sofrem menos com microagressões, garantindo segurança psicológica às trabalhadoras. Também não se contam os benefícios para os colaboradores com famílias.

Liderança inclusiva = inovação = melhor performance financeira

Fato é que aumentar a diversidade nos cargos de alto nível promove a inovação e com ela a melhora financeira das empresas. Segundo estudo produzido pela Organização das Unidas em parceria com a Organização Internacional do Trabalho, empresas que investem em lideranças inclusivas, promovendo ativamente diversidade e inclusão nos processos de contratação, têm melhores resultados na retenção de profissio- nais talentosos, consolidam equipes colaborativas e assertivas e, consequentemente, ajudam a criar ambientes saudáveis de tra- balho. Com isso, alcançam melhores resultados.

Em pesquisa, a BCG afirma que diversidade leva à inovação:

  • Empresas com lideranças mais diversas conseguem mais renda com inovação;
  • Empresas se beneficiam com lideranças de mulheres, pessoas de outras regiões e pessoas que têm diferentes experiências.

Diversidade significa melhor performance!

Desafios enfrentados por mulher no ambiente de trabalho

Apesar dos avanços, alguns pontos do trabalho das mulheres no ambiente de trabalho ainda são um enorme desafio, como a igualdade de salário, que só em 2023 virou a Lei 14.611.

No recente relatório do Banco Mundial, em 190 países não existe equidade de gênero para as mulheres no mercado de trabalho. Quando se trata de proteção e benefícios, as mulheres se beneficiam de 64% do que os homens aproveitam.

O que deixou os números baixos foram dois aspectos: o trabalho de cuidado, especialmente de crianças, e a violência. Os custos com os cuidados de crianças, como creches, escola e transportes, bem como os custos da violência no trabalho ou no transporte público, muitas vezes são fatores proibitivos para as mulheres.

O estudo também afirma que, mesmo que alguns países tenham políticas públicas ou leis que protegem as mulheres ou garantam algum tipo de igualdade com homens no ambiente de trabalho, ainda existem muitos buracos a serem preenchidos.

Por isso, ainda precisamos avançar para conquistar a equidade de gênero no trabalho.

Em março celebramos as mulheridades nas organizações, reconhecendo as conquistas das mulheres no mercado de trabalho e apontando para os desafios que ainda enfrentamos. A Mosaice celebra a diversidade de gênero todo o tempo e não nos limitamos ao dia 08.

Para saber como implementar políticas de equidade de gênero na sua empresa, entre em contato com a Mosaice, temos a melhor solução para o seu negócio!

Sócia fundadora, consultora e palestrante
Mestra e bacharela em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mariane possui formação complementar em Direito e Políticas Públicas pela Université de Lille, na França, e Humanidades pela Universidad de la República, no Uruguai. Também é bacharela em Letras pela UFMG.