A gordofobia é uma forma de preconceito que tem sido amplamente negligenciada no mundo corporativo. Embora muitas empresas estejam se esforçando para criar um ambiente de trabalho inclusivo e diverso, a discriminação contra pessoas gordas ainda é comum. O preconceito contra o peso de uma pessoa pode se manifestar de diversas formas, desde piadas ofensivas até a exclusão de candidatos gordos em processos seletivos. Neste post, discutiremos como a gordofobia afeta os colaboradores de uma empresa, como criar um ambiente inclusivo e diverso para todos os corpos e os benefícios de se ter um ambiente de trabalho acolhedor para todas as pessoas.
O que é gordofobia?
Gordofobia é o preconceito e a discriminação contra pessoas gordas, ou seja, aquelas que possuem um peso considerado acima da média ou do padrão estético estabelecido pela sociedade; é o preconceito contras os corpos “diferentes”, dissidentes do padrão normalizado.
E esse constante desrespeito pelos corpos dissidentes pode causar consequências graves para a saúde mental e física das pessoas que a sofrem, como ansiedade, depressão, baixa autoestima, e até mesmo problemas de saúde resultantes de comportamentos alimentares prejudiciais.
Embora a discriminação contra pessoas gordas não seja um fenômeno recente, o termo gordofobia surgiu em meados dos anos 2000 e apenas recentemente se popularizou e passou a ser amplamente utilizado no ativismo de conscientização sobre a aceitação do corpo e o combate à discriminação.
A gordofobia nas empresas
A pesquisa “Mapeamento da Gordofobia no Brasil” realizada pela jornalista Thamiris Rezende em 2022, revela que 97,8% dos entrevistados já sofreram preconceito por serem gordos. No ambiente profissional:
- 50,4% afirmaram lidar com a falta de cadeiras e mobiliários adequados;
- 56,1% enfrentam o desafio com uniformes que causam constrangimento e falta de
disponibilidade de tamanho;
- 41% apontam cabines de banheiro estreitas nos escritórios e ambientes de trabalho;
- 29,2% afirmam ter dificuldades de acessar o mercado de trabalho;
- 8% relatam que as empresas preferem que a pessoa gorda não tenha contato direto com cliente;
- 6,5% não foram aprovados no exame admissional por conta do peso;
- 22,9% das pessoas gordas enfrentaram gestores que sugeriram perda de peso.
Esses dados mostram que a gordofobia é um problema real e presente no ambiente de trabalho no Brasil e deve ser enfrentado pelas empresas de maneira global, da direção aos colaboradores.
A gordofobia pode ter um impacto significativo na saúde física e mental dos trabalhadores e afetar negativamente seu bem-estar, levando a sentimentos de isolamento e exclusão social.
As implicações legais da gordofobia
Não existe norma que regulamenta a discriminação contra pessoas gordas, a legislação brasileira possui algumas leis que dão conta da questão. A Constituição Brasileira proíbe qualquer tipo de discriminação, o que inclui a discriminação por peso. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) proíbe o assédio moral e outras formas de abuso no ambiente de trabalho.
Embora no Brasil ainda não exista crime de gordofobia, a discriminação por aparência física, que inclui a discriminação por peso, pode ser enquadrada como crime de injúria, calúnia ou difamação, dependendo do caso. Além disso, em 2018, foi aprovada a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, que reconhece a obesidade mórbida como uma deficiência, garantindo a proteção legal e direitos às pessoas que a possuem.
Sendo uma forma de discriminação, a empresa que abarca práticas gordofóbias ao não toma medidas preventivas e combativas da gordofobia está sujeita a processos judiciais. Ela pode ser responsabilizada por danos materiais e morais em virtude de assédio moral. Além disso, as normas de saúde e segurança no trabalho exigem que os empregadores criem um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos os funcionários e empresas que não cumprem essas leis podem estar sujeitas a multas e outras penalidades legais.
Como as políticas e práticas corporativas contribuem para a gordofobia?
De forma inconsciente ou não, as empresas podem praticar atos de gordofobia desde o processo de recrutamento até no cotidiano do trabalho. Vejamos alguns exemplos de políticas e práticas corporativas que discriminam e excluem corpos gordos:
- Estabelecimento de um padrão de beleza estereotipado que valoriza a magreza e desvaloriza corpos dissidentes, o que inclui as ações de marketing da empresa;
- Práticas de contratação discriminatórias com base na aparência física, incluindo o peso;
- Falta de recursos e benefícios adequados para trabalhadores maiores, como uniformes em tamanhos maiores e acessibilidade para pessoas com dificuldades de locomoção;
- Falta de acomodações e ergonomia adequadas para trabalhadores maiores, como assentos adequados em espaços de reuniões;
- Promoção de programas de bem-estar que se concentram apenas na perda de peso e ignoram outras dimensões da saúde, como a saúde mental;
- Ausência de políticas de licença médica ou falta de flexibilidade de horário de trabalho que impedem que trabalhadores maiores cuidem de sua saúde;
- Comentários e piadas de mau gosto sobre o peso dos trabalhadores ou clientes por parte de colaboradores e dirigentes.
Como consequência dessas práticas, cria-se um ambiente de trabalho tóxico e hostil, o que pode levar a queda na produtividade, aumento das faltas, altas taxas de rotatividade e dificuldade em atrair e reter talentos qualificados.
Além disso, a empresa também pode sofrer com a perda de credibilidade e reputação negativa, já que a conscientização da sociedade sobre a gordofobia faz com que práticas discriminatórias sejam amplamente condenadas.
Estratégias para lidar com a gordofobia no ambiente de trabalho
As empresas que promovem um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso para todas as formas corporais podem se beneficiar de uma força de trabalho mais saudável, engajada e diversa, o que pode levar a uma maior produtividade, criatividade e inovação.
Diversas estratégias podem ser traçadas para lidar com a gordofobia no ambiente de trabalho, como por exemplo:
- Educação e conscientização: realizar treinamentos e palestras para todos os colaboradores, a fim de conscientizá-los sobre os efeitos da gordofobia e a importância da diversidade corporal;
- Políticas e códigos de conduta da empresa: é importante adotar o tema e prever procedimentos de apuração e responsabilização para os casos;
- Adoção de políticas inclusivas: estabelecer políticas que incentivem a inclusão e a diversidade corporal, como a adoção de tamanhos de uniformes e assentos de tamanho adequado, bem como a criação de programas de bem-estar que se concentrem em todas as dimensões da saúde;
- Apoio psicológico: oferecer serviços de apoio psicológico para funcionários que sofrem com a gordofobia no ambiente de trabalho. Esses serviços podem incluir aconselhamento individual ou em grupo, suporte emocional e orientação para enfrentar a gordofobia;
- Envolvimento da liderança: garantir que a liderança esteja comprometida em combater a gordofobia no ambiente de trabalho. Isso inclui a promoção de políticas e programas inclusivos, bem como a criação de uma cultura organizacional que valorize a diversidade e a inclusão corporal;
- Monitoramento e avaliação: realizar pesquisas de clima organizacional, coletar feedback dos funcionários e monitorar os dados de diversidade corporal para avaliar se as políticas e práticas estão funcionando e se há áreas que precisam de melhoria.
O combate à gordofobia no ambiente de trabalho é crucial para criar um ambiente mais inclusivo e respeitoso para todas as formas corporais. Ao promover a diversidade corporal, as empresas podem melhorar a saúde mental e física de seus funcionários e criar uma cultura organizacional mais justa e equitativa. Além disso, o combate à gordofobia no ambiente de trabalho é um passo importante para uma sociedade mais justa e inclusiva, que reconheça a existência de corpos dissidentes e valorize e respeite todas as formas corporais.
Se sua empresa precisa de ajuda para criar um ambiente de trabalho mais diverso e inclusivo, conte com a mosaice. Entre em contato!