Hoje celebramos o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+, que existe para consagrar a luta de milhões de pessoas por direitos básicos e proteção contra ações discriminatórias.
Diante de movimentos reacionários à diversidade, a existência da comunidade LGBT+ é um exemplo da importância de pertencer a um coletivo que cuida e fortalece seus integrantes.
Aberto a acolher as diferenças e dar voz a existências silenciadas, o movimento tem muito a ensinar sobre a importância de valorizarmos a diversidade no ambiente corporativo e participação nos processos decisórios. Contudo, esta não é uma realidade concreta, pois existem entraves significativos na inserção deste segmento no mercado de trabalho formal.
Cultura empresarial e apagamento da subjetividade
Ser e pensar parecido pode soar como ponto positivo na formação de equipes e quadros nas empresas, mas resulta em baixa diversidade de propostas e soluções para temas diversos. Isso se torma mais complicado quando há receio em se expor por medo de sofrer discriminação e desligamento.
Muitas empresas ou organizações têm uma imagem e identidade de marca à qual lideranças e colaboradores buscam se adequar ao ingressarem. Contudo, é importante nos atentarmos para a reprodução de atitudes discriminatórias que acabam por invisibilizar subjetividades fora do padrão branco, masculino, cisgênero e heteronormativo.
Quando tais características são definidoras para a composição de grupos de lideranças, cargos de gerência ou referencial estético, existe uma mensagem clara para as minorias de que se quiserem permanecer e progredir, devem apagar características pessoais dissonantes. Chamamos esse contexto de passabilidade e vamos explicar melhor do que se trata.
Passabilidade: o que significa e quais suas consequências
Um homem cisgênero homossexual que reproduz um comportamento que se aproxima do “homem normal” tem maior probabilidade de ser aceito do que um homem afeminado. Uma mulher transsexual tem mais chances de conquistar uma vaga de emprego quanto mais feminina aparentar, ou quanto mais “passável” for.
Isso é o que chamamos passabilidade e ela é maior a medida que a pessoa consegue ostentar aparência e caracteres que ela seja reconhecida dentro dos padrões sociais.
Ser passável é uma questão para a maioria das pessoas LGBTQIAPN+, que além do temor de não ser contratado por ser como é, sofre com a discriminação no meio familiar e escolar. Em determinados contextos, essas pessoas também sofrem preconceitos em locais que têm como princípio oferecer tratamento igualitário, como setores da Sáude e da Segurança Pública.
Valorizar a subjetividade gera confiança e alimenta a autoestima. Dar espaço para expressão é fazer circular ideias e visões únicas que podem compor um eixo comum de ação. Como resultado, o engajamento aumenta e reforça a elo de pertencimento, que é essencial para o sucesso de medidas de inclusão e diversidade.
Empresas e instituições são espaços de transformação e pertencimento
Empresas e instituições são parte da sociedade e detêm potencial significativo para o desenvolvimento de vidas LGBTQIAPN+. Contudo, esses espaços ainda carecem de ferramentas para lidar com os impactos da exclusão sobre a empregabilidade desse grupo.
Com acesso à educação comprometido pela perda do apoio familiar e pela discriminação institucional, o segmento LGBT+ é um dos mais impactados pela exclusão em espaços de trabalho, sobretudo pessoas transexuais e travestis. Em recente pesquisa da To.gather, ouvindo 300 empresas, agrupando 1,5 milhão de trabalhadores, somente 4,5% dos postos são ocupados por pessoas da comunidade. Sobre a empregabilidade de pessoas trans, o percentual cai para 0,38%.
Por seu impacto na construção de nossa sociedade, é extremamente importante que empresas e instituições entendam seu papel nesse contexto. Propor eventos comemorativos, como o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ é uma forma de introduzir uma mensagem promissora de que esse grupo existe e pertence àquele espaço. É uma forma de estar junto, celebrando a diferença.
Dar um passo além é estabelecer um compromisso permanente. Entre as iniciativas que podem ser colocadas em ação estão:
- Ter metas de Diversidade, Inclusão e Equidade para toda a organização;
- Adotar políticas inclusivas para contratações;
- Apoiar pessoas que queiram fazer readequação de gênero;
- Promover programas de capacitação;
- Incentivar fornecedores e terceiros a seguir princípios de diversidade em comum;
- Dar apoio financeiro e técnico a iniciativas em prol da população LGBTQIAPN+.
Ações como estas abrem espaço para coletivos mais autênticos e criativos, onde as pessoas envolvidas se sentem engajadas na melhora da qualidade de vida desses espaços.
Celebrar o Orgulho LGBTQIAPN+ não é reproduzir linguagens e estereótipos, mas reconhecer a necessidade de avaliar quão diverso e inclusivo permitimos que nosso coletivo seja – quanto permitimos que alguém pertença.
Nesse sentido, a Mosaice oferece instrumentos e conhecimento qualificados para uma gestão de DEI efetiva. Oferecemos palestras e consultorias preparados por profissionais com abordagem diversificada, humanizada e autêntica. Consulte nossos artigos e acompanhe nossas palestras para conhecer mais sobre o nosso trabalho.